A sincronicidade é um conceito cunhado por Carl Gustav Jung para explicar que tudo no Universo está interligado por um tipo de vibração, e que duas dimensões, física e não-física, estão em sincronia, o que faz certos eventos isolados parecerem repetidos, em perspectivas diferentes. Tal ideia desenvolveu-se primeiramente em conversas com Albert Einstein, quando ele estava começando a desenvolver a Teoria da Relatividade. Einstein levou a ideia adiante no campo da física, e Jung, no campo da psicologia.
A sincronicidade é definida como uma coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos. Um sonho de um avião despencando das alturas reflete-se na manhã seguinte numa notícia dada pelo jornal. Não existe nenhuma conexão causal conhecida entre o sonho e a queda do avião. Jung postula que tais coincidências apoiam-se em organizadores que geram, por um lado, imagens psíquicas e, por outro lado, eventos físicos. As duas coisas ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo, e a ligação entre elas não é causal.
Antecipando-se aos críticos, Jung escreveu: “O ceticismo deveria ter por objeto unicamente as teorias incorretas, e não assestar suas baterias contra fatos comprovadamente certos. Só um observador preconceituoso seria capaz de negá-lo. A resistência contra o reconhecimento de tais fatos provém principalmente da repugnância que as pessoas sentem em admitir uma suposta capacidade sobrenatural inerente à psique”.
Os fenômenos sincronísticos manifestam-se com maior frequência quando a psique está funcionando num nível menos consciente (estado de ondas alfa), como em sonhos e meditações. Assim que a pessoa se aperceba do evento sincronístico e se concentre nele, o perde, pois a ideia de tempo e espaço voltam a reinar na consciência. Jung sublinha que a sincronicidade parece depender consideravelmente da presença da afetividade, ou seja, a sensibilidade a estímulos emocionais.
A grande sacada de Jung foi colocar a sincronicidade como algo abrangente do Todo, e não de um mero evento. Ele pergunta: "Como pode um acontecimento remoto no espaço e no tempo produzir uma correspondente imagem psíquica, quando a transmissão de energia necessária para isso não é sequer concebível?"
Por mais incompreensível que isso possa parecer somos compelidos, em última instância, a admitir a existência no inconsciente de algo como um conhecimento a priori ou uma relação imediata de eventos que carecem de qualquer base causal. Ou seja: a pessoa que acessou a imagem do avião caindo sempre soube que ele cairia, só que não sabia que sabia, porque na verdade não existe espaço, nem tempo, para o Self! É o nível búdico!
Segundo ele, os pensamentos vêm-nos à consciência; as intuições e pensamentos que surgem do inconsciente não são produtos de esforços deliberados para pensar, mas objetos internos, parcelas do inconsciente que pousam ocasionalmente na superfície do ego. Por vezes, Jung gostava de dizer que os pensamentos são como pássaros: eles chegam e fazem ninho nas árvores da consciência por algum tempo, e depois alçam novo voo. São esquecidos e desaparecem.
A matemática é um produto puro da mente, e não se mostra em parte alguma do mundo natural; no entanto, pessoas podem sentar-se em seus gabinetes e gerar equações que rigorosamente predizem e captam objetos e eventos físicos. A Jung impressionava que um produto puramente psíquico (uma fórmula matemática) pudesse ter um relacionamento tão extraordinário com o mundo físico. Por outro lado, Jung propõe que os arquétipos também servem como ligações diretas entre a psique e o mundo físico, mas não são as causas destes. Parece sim, ligá-los a "operadores" que organizam as sincronicidades.
Os junguianos comentam que no inconsciente não há segredos. Todo o mundo sabe de tudo. Pode-se comparar esse conhecimento com o "Olho de Deus", o "Olho que tudo vê" ou o "Grande Irmão". Não é apenas o que fazemos, mas também o que pensamos - que É o que somos! - que pode ser acessado.
Jung vai ainda mais longe em sua definição de Sincronicidade, que recebe o nome de Cosmologia na sua forma mais abrangente, onde relaciona a organização causal no mundo, sem referência à psique humana. Antes de nós existirmos existia a organização, a sincronicidade. Então, quem geria isso? Ele diz: “Nessa categoria se incluem todos os ‘atos de Criação’, fatores a priori, tais como, por exemplo, as propriedades dos números primos, as descontinuidades da física moderna, etc.”
Nós, seres humanos - ensina ele - temos um papel especial a desempenhar no universo. O nosso inconsciente é capaz de refletir o Cosmos e de introduzi-lo no espelho da consciência. Cada pessoa pode testemunhar o Criador e as obras criativas desde dentro, prestando atenção às imagens e às sincronicidades. Pois o arquétipo não é só o modelo da psique, mas também reflete a real estrutura básica do universo. “Como em cima, assim embaixo” falou o Mestre Hermes Trismegisto. "Como dentro, assim fora" responde o moderno explorador da alma, Carl Gustav Jung.
"Não posso provar a você que Deus existe, mas meu trabalho provou empiricamente que o ‘padrão de Deus’ existe em cada homem, e que esse padrão (pattern) é a maior energia transformadora de que a vida é capaz de dispor ao indivíduo. Encontre esse padrão em você mesmo e a sua vida será transformada." (C.G. Jung).
Nota: Psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana, é um ramo de conhecimento e prática da Psicologia, iniciado por Carl Gustav Jung. Ela enfatiza a importância da psique, do inconsciente, dos arquétipos e do processo de individuação. Ela se distingue da psicanálise, iniciada por Freud, e da psicologia de Adler e seus contemporâneos, por uma noção diferente e abrangente da libido, a conceituação do inconsciente coletivo e o surgimento da função transcendente. Conceitos importantes no sistema de Jung são individuação, símbolos, o inconsciente pessoal, o inconsciente coletivo, arquétipos, sincronicidade, complexos, a persona, a sombra, a anima e o animus, e o Self.
Créditos:
Texto dos Slides - Extraídos das falas de Jung nos livros: Sincronicidade, a Dinâmica do Inconsciente e A Natureza da Psique. Citação de pequenos trechos das obras para fins de incentivo ao estudo a Psicologia Analítica.
Texto extraído da página do Facebook: Sou Psicólogo Com Muito Orgulho.
Conteúdo extraído e adaptado do livro: Jung, o Mapa da Alma, de Murray Stein.
Texto sobre a Psicologia Analítica
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